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O Cruzeiro
April 10, 1974

Alice Cooper: Aggression and the Spectacle

Aggression was the formula he found to escape traditional standards

In the report by O CRUZEIRO, for an exclusive interview — in one of the 12 apartments and five suites at the San Raphael Hotel, where he stayed with his band and Cindy Lang, his companion of five years — is a slim figure with long hair, without any special care, with brown eyes tending toward green, dressed in the style of current youth — faded jeans. In a way, it’s a surprise. Many people expected to see Alice Cooper, in person, as an aggressive showman demonstrating temperamental outbursts. But the person who greets us, simple and informal, is a young man (he turned 25 in February), kind, somewhat shy, with frank responses. More than Alice Cooper — his stage name — we are conversing with Vincent Furnier, the son of a Protestant pastor who, from 1964 to 1971, unsuccessfully tried to break out of the rock scene until he rediscovered the rhythm with his aggressive and spectacular style.

"There's nothing special about Alice. I like the name, I have a lot of friends who call themselves that, so I adopted it when I decided to change my personality. I've been singing and had my own group since I was 16, but success only came after a lot of effort, a lot of study and the search for a formula capable of transforming myself into a personality that escaped tradition. I thought it was time for a change and I changed everything. It worked. Success came, and that's very good."

BEER, SNAKES & ICE CREAM

Alice can't be separated from his bottle of Alsace beer. One of his "demands" to the Brazilian businessman, Marcos Lázaro, which contributed to the image of a difficult artist that was spread before his arrival, was that his preferred drink should always be available. Although an importer assured them they had a stock of crates, he brought 24 boxes (1,200 bottles) from the United States, as part of his 11 tons of luggage. However, while here, he has already tried the local product and gotten along very well with it.

Another item in the contract was resolved by Butantã, who provided a boa constrictor for their performances in São Paulo.

I'm not just a singer. I consider myself an actor on stage. You always have to change, always innovate. Within my show, I always change: my clothes, my make-up. I just keep the initial formula. The snakes are part of the formula. Here I used Brazilian snakes, I didn't bring any. And I got on very well with them.

As soon as he arrived at the hotel, Alice Cooper ordered an ice cream. It was a quick break between beers. Then he grabbed a pair of shorts and went to sunbathe. He let himself be photographed like this, always very affable. It was very different behavior from what one would expect from such an expensive artist. An Alice Cooper concert costs around 40,000 dollars (264,000 cruzeiros). He comments:

"It's already enough for the beers and the snakes' expenses."

SUCCESS AT ANHEMBI

The success of Alice Cooper's two concerts in São Paulo was predicted from the moment he arrived. Despite the prices set for the second show (Monday), at the Palácio das Convenções - Cr$160.00 for sector 1; Cr$130.00 for sector 2; and Cr$100.00 for the balcony - it was estimated that around 170,000 people attended the shows in Brazil. The concert on Saturday 30th at the Anhembi Exhibition Hall cost Cr$20.00 for a single ticket. By Thursday afternoon, around 55,000 tickets had been sold. Alice was pleased to hear this:

In New York, or anywhere else, that would never happen.

Alice Cooper's busy schedule in São Paulo - two concerts, a cocktail party for the press, as well as a few “surprise parties” that, unofficially, were said to be given by people from São Paulo society - left him a little time to play golf, one of his passions.

"I want to be the champion of my group one day, at least."

ALICE THE PACIFIST

With seven internationally successful LPs, Alice Cooper doesn't act important. He doesn't hold back compliments for his fellow artists.

"I really like Billy Paul's music. I think he's great and, although we're in the same hotel, I haven't had a chance to talk to him yet."

Another revelation is the peaceful side of the showman of aggression.

"Although my father is a pastor, I have no religion. The only thing I fight, violently, is war. I can never understand brothers killing each other."

(Translated from Portugese language Brazilian publication, O Cruzeiro — November 2024)

Alice Cooper: Agressão aéos espetaculo

Agressão foi a fórmula que encontrou para fugir aos padrões tradicionais

Diante da reportagem de O CRUZEIRO, para uma entrevista exclusiva, num dos 12 aparta­mentos e cinco suítes do Hotel San Raphael, em que se hospe­dou com seu conjunto e Cindy Lang, sua companheira há cin­co anos, está uma figura esguia, de cabelos longos, sem qual­quer cuidado especial, de olhos castanhos tendendo para o ver­de, vestido à maneira dos jo­vens atuais — jeans desbotado. De certo modo, é uma surpresa. Muita gente esperava ver em Alice Cooper, pessoalmente, um agressivo show-man dando de­monstrações temperamentais. Mas, quem nos recebe, simples e informal, é um rapaz (fez 25 anos em fevereiro) amável, um tanto tímido, de respostas fran­cas. Mais do que Alice Cooper — seu nome artístico — esta­mos conversando com Vincent Furnier, o filho de um pastor protestante que, de 1964 a 1971, tentou sem êxito emergir da on­da do rock até redescobrir o rit­mo com seu estilo agressivo e espetacular.

O Alice nada tem de especial. Gosto do nome, tenho muitos amigos que se chamam assim, daí o adotei quando resolvi mudar a figura. Desde os 16 anos eu canto e tenho o meu grupo, mas o sucesso só veio depois de muito esforço, muito estudo e a busca de uma fórmula capaz de me transformar numa figura que fugisse aos padr ões tradicionais. Achei que estava na hora de mudar e mudei tudo. Deu certo. O sucesso veio, e isso é muito bom.

CERVEJA, COBRAS & SORVETE

Alice não se separa da sua cer­vejinha da Alsácia. Uma de suas "exigências" ao empresário bra­sileiro; Marcos Lázaro, que concorreram para formar a imagem de artista difícil que se divulgou antes da sua chegada, foi que não lhe faltasse a bebida prefe­rida. Embora uma importadora garantisse possuir um estoque de engradados, ele trouxe dos Estados Unidos; em meio à bagagem de 11 toneladas, 24 caixas (1.200 garrafas): Aqui, po­rém, ele já transou com o pro­duto nacional e se deu muito bem.

Outro item do contrato foi re­solvido pelo Butantã, que cedeu uma jibóia para as suas apre­sentações em São Paulo.

Não sou apenas um cantor. Considero-me um ator den­tro do palco. É preciso mudar sempre, inovar sempre Dentro do meu show, mudo sempre: de roupas, de maquilagem. Mantenho, apenas, a fórmula inicial. As cobras são parte da fórmula. Aqui usei cobras brasileiras mesmo, não trouxe nenhuma. E me dei muito bem com elas.

Logo que chegou ao hotel, Alice Cooper pediu um sorvete. Foi um rápido intervalo entre uma cervejinha e outra. Depois, pegou um short e foi tomar ba­nho de sol. Deixou-se fotogra­far assim,· sempre muito afável. Era um comportamento bem di­ferente do que se esperava de um artista tão caro. Um show de Alice Cooper custa em torno de 40 mil dólares (264 mil cruzeiros). Ele comenta:

—Já dá para as cervejinhas a para a despesa das cobras.

SUCESSO NO ANHEMBI

O sucesso dos dois shows de Alice Cooper em São Paulo já estava previsto desde a sua chegada. Apesar dos preços estabelecidos para a segunda apresentação (segunda-feira), no Palácio das Convenções - Cr$ 160,00, para o setor 1; … Cr$ 130,00 para o setor 2; e Cr$ 100,00 para o balcão - estimava-se que cerca de 170 mil pessoas assistiram aos es­petáculos no Brasil. O show de sábado, dia 30, no Salão de Exposições do Anhembi custou, por ingresso, o preço único de Cr$ 20,00. Até a tarde de quinta-feira, haviam sido vendidos em torno de 55 mil ingressos. Ao saber disso, Alice mostrou-se satisfeito:

— Em Nova-Iorque, ou em qualquer outro lugar, isso nun­ca aconteceria.

O intenso programa de Alice Cooper em São Paulo — dois shows, coquetel para a imprensa, fora algumas "festas-surpre­sa" que, extra-oficialmente, se dizia seriam dadas por pessoas da sociedade paulista — deixou-lhe um tempinho a uma es­capada para jogar golfe, uma de suas paixões.

— Pretendo, um dia, ser o campeão do meu grupo, pelo menos.

ALICE, O PACIFISTA

Com sete LPs de sucesso mundial, Alice Cooper não se faz de importante. Não poupa elogios aos colegas de carreira.

— Gosto muito da música de Billy Paul. Considero-o ótimo e, embora estejamos no·mesmo hotel, ainda não tive oportuni­dade de conversar com ele.

Outra revelação é a face pací­fica do showman da agressão:

— Embora meu pai seja pas­tor, eu não tenho religião. A única coisa que eu combato, violentamente, são as guerras. Não posso compreender, nunca, irmãos se matando.

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